terça-feira, 28 de abril de 2009

10 anos de Mopho

Contente, o Maionese Cinco apresenta a volta aos palcos alagoanos da seminal Mopho. Leia um trecho da matéria de Fernando Coelho, cedida com gentileza ao nosso blog, que narra a história da banda e também fala do desejo dos integrantes - agora sendo realizado - de aqui se reunirem:



* Publicada no jornal Gazeta de Alagoas em 12 de abril de 2009


Em 1999, o Mopho acabava de colocar no mercado o seu primeiro disco oficial, que leva o próprio nome da banda. Há exatos dez anos, o quarteto comprou 30 horas de gravação no estúdio Gravamusic, considerado até hoje o mais bem equipado de Alagoas, e iniciou o processo que resultaria no primeiro disco de rock local a chamar a atenção da mídia nacional.

Após a gravação, o Mopho recebeu uma proposta de contrato da gravadora Paradoxx e partiu para São Paulo. As negociações não saíram como esperado. Nas andanças pela “paulicéia desvairada”, o grupo foi parar na Baratos Afins e lá conheceu Luiz Calanca, que já tinha “pirado” no som dos alagoanos. De lá, saíram com uma proposta para mixagem e uma prensagem inicial de 1.300 cópias.

Embora seja óbvio classificar o Mopho como uma banda de rock – e muitos ainda acrescentam o termo “psicodélico” –, o próprio vocalista prefere descartar o estigma. “Eu nunca vi o Mopho como uma banda totalmente de rock. Eu sempre percebi uma tendência folk por causa dos violões”, explica, sem renegar as influências hard rock e os “ecos de jovem guarda”. Na época da composição e da gravação do álbum, sua vitrola tocava mesmo eram os ícones da MPB. “Eu estava ouvindo muito Jards Macalé, o Transa do Caetano e o Expresso 2222 do Gilberto Gil. Eu estava escutando muita música brasileira com acento rock, que foi o que permeou a MPB entre 1971 e 1975”.

Em 2010, os direitos autorais da obra voltam para a banda. Com isso, João Paulo espera corrigir o que, segundo ele, foram os principais problemas do disco: a capa e a mixagem. A ideia do compositor é relançar o álbum remixado e com um novo layout.

Após os momentos de euforia que sucederam a gravação do primeiro disco – com aparições em programas de TV, shows pelo País e elogios de nomes como Arnaldo Baptista, Luis Carlini e de 99% da então emergente cena do rock gaúcho –, o Mopho entrou num declínio, causado principalmente por divergências pessoais entre seus integrantes.

Depois da saída do tecladista, Leonardo, o Mopho se separou por completo em 2004. No mesmo ano, com Junior Bocão e Hélio Pisca já em São Paulo, João Paulo chamou Leonardo e juntos eles gravaram o segundo disco, Sine Diabolos Nullus Deus, também lançado pela Baratos Afins. A partir daí, o grupo seguiu em banho-maria, com shows ocasionais e diversas formações. Hoje, além de João Paulo, o tecladista Dinho Zampier é o único integrante oficial do Mopho.

Em 2008, o tecladista Dinho Zampier acenou com a possibilidade de realizar um show em São Paulo, com Hélio Pisca e Junior Bocão. João comprou a ideia e um reencontro histórico – embora sem a presença de Leonardo – ocorreu no dia 20 de junho de 2008, no Berlin Pub, na capital paulistana. Relatos em blogs falam de uma apresentação magistral. “A banda estava afinadíssima, tocaram os clássicos, os hits, e terminaram com uma versão cheia de energia de Whole Lotta Love [Led Zeppelin]. A casa estava cheia. Todo mundo adorou”, escreveu um fã no blog Psicodelia Brasileira – www.psicodeliabrasileira.wordpress.com

“Eu fiz outra doidice”, reconhece o vocalista. “Fui para lá, banquei uma passagem do bolso e fiquei devendo a de volta ao Pisca. Mas eu queria fazer as pazes com tudo. Eu fui e foi muito bom. Só faltou o Léo”. De lá, a banda recebeu um convite para o Festival Independente Quebramar, realizado em Macapá, no Amapá. O Mopho foi escalado como a principal atração da noite do dia 05 de dezembro e fez outra apresentação antológica.

A partir daí uma velha chama foi reacendida e o grupo se esforça para se reencontrar e começar as gravações de um novo disco. “Só que a distância está difícil. O Pisca está mais pilhado porque ele aposta as fichas nisso. Já o Bocão tem outros compromissos, ele está tocando com o Oxe. Definitivamente, eu, Pisca e o Dinho estaremos no disco. Sobre o Bocão, só depende dele e do que estiver rolando para ele”, afirma João Paulo, categórico.

“Eu e Bocão estamos gravando algumas músicas aqui no estúdio em que eu trabalho”, avisa Hélio Pisca. “Mas estamos tentando ir a Maceió para passarmos uns dias trabalhando essas músicas juntos e quem sabe gravarmos por aí mesmo”.

Bocão é puro entusiasmo. “Vamos gravar, é o que importa agora. Mesmo longe por tanto tempo, sempre acreditei que o Mopho nunca parou! Deu um tempo apenas, algumas coisas saíram fora dos planos, nos separamos, lançamos discos separados, a Casa Flutuante surgiu, o Mopho se reformulou... Agora temos a oportunidade de mostrar que a banda está mais viva do que nunca. Esse sonho não acabou!”.

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