domingo, 26 de abril de 2009

SNOOZE (SE)

A banda sergipana, que já tem 13 anos de estrada, é uma dessas mostras do indie nacional que continua trilhando os caminhos da música alternativa. Nesta cena ninguém precisa ser um rockstar, só precisa ter um lugar para continuar fazendo sua música.

Influenciados por nomes como Sonic Youth, Teenage Fan Clube e Elvis Costello, os rapazes da Snooze trazem a Maceió o bom pop barulhento. O quinteto promete uma apresentação cheia de sons que remetem ao melhor do rock dos anos 90.

+ Confira alguns videos da banda:






Veja também a entrevista com Fábio Oliveira, vocalista da banda sergipana Snooze.



Maionese: A Snooze tem 13 anos de carreira, três discos lançados e participações em importantes festivais independentes do Brasil. Fale um pouco da importância em continuar fazendo música no cenário independente.

Fábio: No começo era falta de opção mesmo, o velho “do it yourself” dos punks, aplicado a uma realidade cultural onde ou se dança conforme a música (dos trios-elétricos ou das rádios comerciais), ou se investe do próprio bolso no que se acredita; com a primeira fita-demo do Snooze foi assim, em 1995: pegamos o melhor estúdio da cidade e gravamos sem produtor e sem nenhuma experiência. O que poderia ter sido um desastre virou referência de rock com qualidade no Nordeste. Por mais que não houvesse novidades naqueles sete sons, o que chamou atenção das diversas publicações que resenharam a fita Brasil adentro (foram cerca de 1.000 cópias distribuídas pelo meu irmão, o batera Rafael Jr) era a qualidade do produto como um todo, tanto de gravação como execução, arte gráfica, informações detalhadas, release... Ninguém ensinou isso a gente, a coisa foi meio instintiva no intuito de fazer o melhor que podia ser feito, já que era uma produção completamente independente. Com o passar dos anos, isso virou a premissa da banda. Um hobby levado a sério, feito com profissionalismo, porém não chegando a estar acima de nossos estudos universitários ou profissões em outras áreas. Hoje em dia, o que a gente observa é que, até medalhões da MPB estão passando pro independente, ou seja, o que era falta de opção virou a melhor opção. A crise da indústria fonográfica, toda a revolução que se concretizou enquanto o Snooze continuava produzindo seus showzinhos e gravando seus disquinhos, tem a ver com isso. E o meio independente ficou mais profissional que nunca, visto os diversos festivais crescendo e abarcando mais e mais público. Tentando responder à pergunta, a importância está em ser fiel a uma proposta estética, e não esperar que você seja “descoberto” como a salvação da música alternativa pra poder fazer o som que está a fim de fazer.

M: Vocês já tentaram ir para o Rio - São Paulo em busca de mais visibilidade para banda? Tipo viver só de música mesmo?

F: Não nesses termos. A banda sempre teve boas conexões, não só com esse eixo, mas em todas as regiões do Brasil (numa era em que se escreviam cartas ainda), e se chegou a um ponto em que, se "desse a doida" de alugar um carro e sair tocando pelo Brasil, lugar pra ficar e tocar não faltaria. Em 1998, fizemos uma mini-turnê (Niterói, São Bernardo, São Paulo e Jundiaí), pois estávamos lançando os discos de estréia (com a gravadora Short, de São Bernardo do Campo - nossa próxima gravadora seria a Monstro). Essa foi a única vez que saímos do circuito Nordeste-Goiânia. Mais recentemente, entre 2004 e 2007, eu morei em São Paulo para alargar meus estudos em música e tentei ao máximo armar shows pro Snooze. Até recebi portas abertas, o problema maior era grana e disponibilidade de levar os snoozers daqui de Aracaju pra lá. Quanto a morar lá como banda, no intuito de viver de música, nossa opinião é que seria meio irreal. Nenhuma banda com o perfil do snooze (cantando em inglês pra começar) vive exclusivamente disso aqui no Brasil, não importa onde morem. Se, na época em que eu estava lá, os outros topassem a empreitada pra banda ter mais visibilidade, a gente poderia até tocar mais freqüentemente, porém continuaríamos num gueto, ampliado, ótimo, mas não suficiente para se viver da banda. O buraco é mais embaixo.

M: A Snooze tem participação em coletâneas e outros trabalhos. O que de mais diferente já foi feito para colocar a música de vocês pra rodar?

F: Na época da fita demo, rolou uma chamada de TV de uma surfwear de renome. Nunca pagaram um tostão, mas Rafael é surfista, e a gente ficou orgulhoso pra caramba. Uma das coletâneas que você mencionou foi encartada na revista 100% Skate. Isso significou umas 10.000 cópias de nossa música em bancas de jornal de todo o país. Em Aracaju, tivemos uma ótima experiência, em 2002, participando da montagem de uma peça do Teatro do Absurdo chamada "A Cantora Careca". Além da trilha incidental, que fazíamos ao vivo no palco, a gente experimentava de tudo um pouco, sempre com muito improviso e atuação também – a banda era parte do cenário. Tirando isso, internet hoje é lugar comum, mas pouca gente sabe que o primeiro site do Snooze (da geocities!) foi um dos primeiros sobre banda de rock no Brasil. Eu lembro que na época só grandes bandas como Barão ou Sepultura tinham site, além do Brincando de Deus, de Salvador. Essa precocidade foi porque nosso primeiro guitarrista é um informático das antigas. Hoje ele pesquisa, estuda e trabalha nessa área.

M: E o que esperam de vir tocar em Maceió? Já conheciam algo sobre o Maionese?

F: Maceió é um caso antigo. Minha filha nasceu aí só pra você ter idéia. Estivemos aí em três ocasiões: a primeira com o trio que gravou a demo e o primeiro disco, foi no Festival Acendedor de Lampiões em 1996. Hoje eu sei que quem é da nova geração dos rockeiros em Maceió tem esse festival como divisor de águas. Já como quarteto, em 2002, prestes a lançar o segundo disco, voltamos ao Acendedor 2, que não foi um festival nos moldes do anterior, mas também foi divertido. Essa mesma formação (se não me engano) voltou pouco tempo depois numa festa que não lembro o nome, acho que os organizadores eram da banda Sinsinhô. Depois que passei minha temporada em São Paulo, perdi total referência do que estava acontecendo em Maceió, e foi uma grande surpresa me reiterar, sabendo por meio de velhos amigos de minha esposa, que há várias bandas novas com referências similares as da Snooze. Vi alguns shows, e atestei que o nível está muito bom, e talvez isso se deva ao Maionese, cuja xistência vim saber só depois. É essa a importância de um festival fixo: as bandas lutam por aprimorar a qualidade e ter algo interessante a oferecer, pois elas querem estar ali, naquela estrutura bacana, conhecer as bandas de fora... Tivemos isso aqui por muitos anos com o Punka; infelizmente ainda não surgiu um festival pra substituí-lo à altura. Mas será a primeira vez que vamos conferir o Maionese, melhor sendo tocando, e esperamos que a experiência seja completa: pessoas novas conhecendo nosso som, bandas que a gente vá adorar sem nunca ter ouvido falar e, de repente, possamos servir de ponte pra essas bandas mostrarem o trabalho para o público aracajuano num futuro próximo. Essa interação é o que há de melhor em festivais. Até lá, quem quiser baixar os discos do Snooze pra não ficar boiando no show, é só seguir o link pro meu blog, que ta tudo lá, disponível pra download.


Até breve!


Para saber mais, acesse:
+ http://www.snooze.com.br/
+ http://www.myspace.com/snoozetherockgroup
+ http://tramavirtual.uol.com.br/artista.jsp?id=698
+ http://www.fabiosnoozer.blogspot.com

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