quarta-feira, 13 de maio de 2009

Blueberry Babies (AL)

Foto: Gabriel Duarte

Originalmente chamada de "Blueberry Fields Forever", a Blueberry Babies nasceu de uma idéia sem futuro, até se tornar uma das grandes promessas do circuito Arapiraca/Maceió. Para quem nunca ouviu o som dos caras, 99,9% da população alagoana (já que os meninos nunca fizeram um show sequer), a surpresa vai ser grande. Guitarras recheadas de efeitos, vocais quase sussurrados, baterias em contratempo e melodias engraçadinhas e oportunas a cada momento.

Não que eles cuspam fogo ou coloquem dançarinas semi-nuas no palco, mas provavelmente muitos pensarão "nunca ouvi nada assim antes". Isso culpa da má informação, uma vez que os bebês de mirtilo - numa tradução safadinha - assumem seus gostos e influências com muito orgulho. Na verdade, todo o desenvolvimento do nome respeita uma tradição das bandas "queridas" em entusiasmar os doces em seus nomes. Daí surgem, sweet, candy, honey e derivados do açúcar.

As influências vem de bandas pequenas, como My Bloody Valentine, Teenage Fanclub, Slowdive - simplesmente boa parte das bandas que mudaram por completo o rock nos anos 90. As letras fazem referência a diversos temas, desde o amor, passando por quadrinhos, desodorantes, futebol, videogame, até a uma conta de luz atrasada. Fácil de se esperar isso de uma banda que começou com uma proposta tão despretenciosa, o girlgazer. "O girlgazer é uma maneira de despistar os rótulos, ao invés de sermos uma banda de shoegazer [do inglês: aquele que olha para o sapato enquanto toca], somos uma banda de girlgazer, olhamos para as meninas e, o que tem namorada, olha para a namorada" diz Luiz Roberto, vocalista da banda.

Com essa grande carga de influências e atributos, o som da BBB (Big Brother Brasil?) consegue mixar tudo numa grande onda de sons e efeitos de guitarra, pop e barulhenta, divertida e bonita, como o bom shoegazer, desculpa, girlgazer, deve ser.

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Depoimento do fã Francis Silvestre:

"Assim que reverberou a primeira nota, a primeira sensação foi física. Os olhos arregalaram e o pulso acelerou. Lentamente, foi-se eriçando o primeiro pêlo da falange do indicador e a onda de choque chegou à nota. Assim pode-se descrever os efeitos sonoros produzidos pela Blueberry Babies. Chamem de paixão à primeira vista, eu deixo. Afinal de contas, se eu fosse uma banda, com certeza seria essa. A urgência pós-punk visceral do baixo tocado pelo Rodolfo parecia tramar aventuras impossíveis com as batidas tribais reurgitadas pela bateria do Emílio. As paredes de som absurdas criadas pelo Marcos atordoam, como se fossem a parede em que eu bati o carro e acabei por morrer. Mas heaven is right ahead. O impacto inicial se esvai e tudo vira beleza. Com certeza esse é o céu em notas e efeitos musicais. E assim começa a experiência. Aliás, a banda é só experiência. Gemas de beleza extrema escondida por paredes e camadas ensurdecedoras de som. Algo como uma mistura de Swervedriver com Big Black. Com melodia, aliás, com muita melodia. Shoegaze com muita honra. Garanto que vovó My Bloody Valentine falaria: "Deus abençoe meus netos". E papai Swervedriver consentiria com um sorriso largo e delicioso."

3 comentários:

  1. " All the coffee i drink... "

    Vou levar meu travesseiro pra dormir e ter os melhores sonhos que já tive, mais uma vez.

    =**

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  2. Num era melhor o Francis dizer logo "façam uma fila indiana pra ganhar um gogózinho"?

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